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Parceiros, na alegria e na tristeza…ou até que a rescisão os separe

Por Gustavo de Almeida*

Quando li as atuais notícias sobre a negociação do Flamengo com um novo patrocinador, imediatamente me veio à lembrança o dia 13 de dezembro do ano passado. Naquele dia, eu sintonizei numa rádio do Rio de Janeiro e ouvi, 30 anos depois, a narração de Flamengo 3 x 0 Liverpool, feita pelos inesquecíveis Waldyr Amaral e Jorge Curi.  O momento foi absolutamente mágico, haja vista que naqueles tempos não tínhamos os recursos tecnológicos de hoje, que nos permitem guardar toda nossa vida numa nuvem antes mesmo de virar anjo. Ouvir os dois famosos locutores falando nomes como Zico, Adílio, Leandro, Andrade, Nunes, Mozer, Raul foi algo que superaria a sensação de Charles Foster Kane caso tivesse encontrado o trenó Rosebud antes de morrer. Para um rubro-negro de 40 anos ou mais, aqueles 90 minutos via rádio em 2011 foram a celebração da vida e o resgate de tudo o que se passou nestes 30 anos, e acima de tudo uma ode à memória, tanto cerebral quanto afetiva.

E no momento em que eu vivia essa recordação tão forte, via um postal de mim mesmo em formato de som e alma, eis que veio o nome do patrocinador atual do Flamengo. Sim, a empresa tinha bancado o projeto, pagou duas horas numa grande rádio carioca só para levar, via éter, o jogo inesquecível novamente a milhões de rubro-negros.

Não há, na minha opinião, como um parceiro ser mais Flamengo do que isto. Porque uma bom parceiro é assim: agrega valor, comunica com integração, vende com porcentagem, divide visão e missão com a instituição parceira.

Estamos falando de um parceiro que, em 2009, injetou no clube R$ 5 milhões de patrocínio, mais 106 mil peças de vestuário, mais a garantia em royalties de R$ 8 milhões, além de R$ 1 milhão em verbas de marketing para o clube. Isto em 2009. Estamos falando de um parceiro que tem amplas possibilidades de vendas de material, e capacidade grande de distribuição. Lembram dos tempos em que enaltecíamos o carro da Volks porque “a gente encontra peça na farmácia”, em detrimento de outros carros, importados, que eram obrigados a ficar parados meses esperando peças? Pois é. O nosso atual parceiro é uma Volks, qualquer rubro-negro em qualquer parte do Brasil tem acesso.

Nosso parceiro tinha uma camisa pronta do Ronaldinho Gaúcho antes que ele estreasse no Flamengo contra um time pequeno no Estadual (quem marca uma estréia de uma estrela internacional contra um time pequeno?). E mais: nosso parceiro tem fábricas no Brasil prontas para fazer o que for necessário para dar ao público-alvo, ao cliente, ao consumidor, produtos que reflitam o momento do clube. Se o clube ganhar um campeonato de futebol de botão hoje (me parece o único título possível este ano), amanhã, se for pedido, o clube recebe camisas comemorativas. Se o clube vencer uma Copa de Natação, e pedir ao parceiro, este consegue maiôs com estrela representando o título. O que for necessário. Porque esta parceria vai muito além do dinheiro.

Acredito que foi por dinheiro, no entanto, que o clube começou a conversar com outro patrocinador, publicamente, durante o contrato com o parceiro atual. Foi por dinheiro que o clube desvalorizou nossa parceria atual, passando para o mercado a impressão de que contratos não precisam ser cumpridos ou respeitados.

Só peço ao nosso patrocinador que não desenhe uma camisa do Flamengo representando o momento atual. Eu sentiria falta da cor vermelha.

*Jornalista e co-autor de “Ser Flamengo”

http://www.linkedin.com/in/gustavodealmeida1968

@gustones

@blogeclipse

 

Sobre Gustavo de Almeida

Jornalista, nascido em 1968 no Rio de Janeiro. Passagens pelos jornais O DIA, Metro, Extra, Jornal do Brasil, A Notícia e Lance!, pelo site Globo.com e por assessorias de imprensa, entre elas a da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, pela FSB Comunicação.

24 comentários em “Parceiros, na alegria e na tristeza…ou até que a rescisão os separe

  1. Texto excelente, resumiu meu sentimento também.

    Independente de discussão entre marcas, não gostaria que a Olympikus fosse trocada pela Adidas no momento atual, tendo em vista a grande sinergia entre a OLK e o Flamengo.

    Mas essa diretoria, provavelmente já vendo que no fim do ano estarão fora do poder, querem abocanhar a última comissão possível. E deixar uma trolha na mão do futuro presidente.

    • Pois é, fico pensando no quanto poderia ganhar a OLK se um patrocínio master da camisa tivesse sido fechado. Quantas novas camisas sendo vendidas. Mas ainda bem que a OLK foi paciente este tempo todo – 17 meses – sem patrocinador master, confere?

  2. A OLK é/foi a melhor parceira do Flamengo em sua história, mas negócios são negócios. A Adidas tá oferecendo um contrato assustador, inédito na América do Sul e maior que muito patrocínio master por aqui.

    Apesar de todas as merdas que a gestão Paty fez em 3 anos, não vi desrespeito nenhum. Aliás, bateu até um certo desapontamento com as tentativas da OLK de sabotar o Flamengo.

    E a OLK não pode tirar onda de vítima nessa história. É só lembrar o que a própria OLK fez em 2008 com a Nike.

  3. Eu acho a Olympikus um ótimo parceiro e teria muito, muito cuidado mesmo ao trocá-la por uma empresa como a Adidas, que tem um histórico de relação nada recomendável com os outros clubes a que atende no Brasil.

    Mas olha: esta é uma relação comercial. O Flamengo não está terminando com a namorada. Vamos com calma.

    E ninguém está deixando de respeitar contrato nenhum. Não estão indo pra Justiça pra romper sem pagar multa, nada disso. Não ouvi falar ainda de nenhuma cláusula sendo desrespeitada.

    Até acho que podem estar havendo erros na forma de levar esta situação agora. E que o momento não é bom pra negociar um novo acordo de 10 anos, por alguns motivos diferentes.

    Agora: pode ser, simplesmente, que a troca valha a pena. É bom olhar as duas propostas antes de se colocar contra ou a favor de forma tão veemente.

    • André, sinceramente, não achei que fui veemente. Achei que defendi uma relação amadurecida, que foi construída antes da atual gestão. E é sobre isso mesmo que você falou: negócios acima de tudo, dinheiro acima de tudo, relação comercial. Não sei se isso puramente é eficaz, e é sobre isso que o texto trata.
      Se o mundo ideal é realmente esse em que leva mais quem paga mais, ok com isso. Só acho que em toda relação amadurecida, devem ser levado em consideração os benefícios obtidos e os valores agregados.
      Sem contar que, falando agora comercialmente, prefiro uma empresa que tenha fabricas por todo o Brasil do que uma que não tem – simples assim
      abs

      • Olha, eu não falei em “dinheiro acima de tudo”, falei que é uma relação comercial. Talvez até valha a pena ficar com a Olympikus por menos dinheiro, dependendo de outros fatores.

        Agora, a Olympikus não faz o que faz por amor ao Flamengo. Faz porque lhe parece interessante comercialmente. Se, mais na frente, achar que não é, eles pulam fora – pode acreditar. Sei que você sabe disso.

        Então, se outra empresa aparece com uma proposta, tem que olhar e comparar as duas. Colocando na conta, inclusive, o valor da relação construída com o parceiro atual, que é importante. Mas tem que ver as duas propostas!

        Como falei, acho que a relação com a Olympikus é ótima, tenho restrições à Adidas e também à negociação neste momento. Mas pode ser, simplesmente, que a troca valha a pena. Só dá pra saber se olhar as duas propostas.

  4. Na minha opinião, a troca é um retrocesso. A Adidas é deficitária com relação aos pontos de distribuição no Brasil, sem falar que ficar preso por 10 anos com o preço já estipulado é burrice!

    A vantagem seria a internacionalização da marca Flamengo, mas pra isso tinhamos que ter pessoas competentes para explorar…

    Pra mim a troca é pra pior.

    • Peterson, é por aí, a vantagem seria a internacionalização.
      Mas por outro lado, nossas camisas seriam vendidas no exterior e compradas com o mesmo entusiasmo na Hungria com que compramos no Brasil uma camisa do Rayo Vallecano: pelo exotismo, pela curiosidade.
      Internacionalizar o Flamengo é necessário. Mas preferia que fosse feito isso em Toquio – infelizmente com essa diretoria será impossível

  5. É claro que foi por dinheiro. Mas a OLK poderia ter igualado a proposta, e então teria a renovação em 2014.

  6. boa tarde nação…passada rápida pelo blog…belo texto,…esse dia foi foda, chorei ao escutar a “transmissão” do jogo direto de “tóquio/tokyo/tókio”…kkk…ESTRANHÍSSIMA ESSA TROCA!!!…não dá pra afirmar, mas é óbvio principalmente pelas atitudes de nossos dirigentes QUE TEM muita coisa rolando por fora que agente não sabe…o clube tá numa pindaíba, já adiantaram tudo que foi po$$ível, as luvas dos novos contratos de tv também já foram ou não poderão ser gastos atôa como é de costume nessa administração, tem uma cacetada do gaucho logo logo batendo a nossa porta que ficará para os próximos presidentes, assim, o que importa é gastar esses 25 milhões adiantados que a adidas ofereceu, É O QUE SOBROU PARA SE GASTAR!!!….esse papo de internacionalização não cola…não vencem nem ponte preta, coritiba e outros e vem usar papo de internacionalização…o flamengo mal olha para seus torcedores aqui do brasil, vai ligar pra meia dúzia do exterior ???

  7. Olha, não me parece acertada a troca do patrocinador nesse momento, mais em função da diretoria atual do Flamengo estar absolutamente desvalorizada do que necessariamente da Adidas ser ruim ou ter uma proposta ruim.

    O texto faz parecer a troca, por si só, pior do que ela realmente é, ao menos na minha visão.

    Estamos falando de negócios, a OLK não é amiga do Flamengo, não faz favor ao Flamengo.

    A OLK é e foi uma ótima parceira mas o Flamengo certamente deu muito lucro a empresa.

    A única coisa anormal na troca é que será decidida por uma diretoria notoriamente incompetente e em momento politico, o que coloca as razões da troca em dúvida.

    Só sei que nunca tinha comprado nem uma meia da OLK na minha vida e depois que a empresa veio para o Flamengo passei a comprar, e gostar da marca, e isso não vai mudar.

  8. notícia agora da rádio globo me deixou animado…uma possível aproximação do wrobel com a oposição…by sérgio du bocage…du bocage também disse que walim não podem se candidatar, como o batista também não…

  9. Excelente coluna.

    Os comentários abaixo expõem os dois lados com bastante inteligente.

    Eu só não consigo deixar de sentir estranheza nessa proposta. Nada vindo desta diretoria é transparente. Acho que daqui há um tempo iremos descobrir algo de sorrateiro nesta nova relação comercial.

    Vejo a Adidas nada mais como uma Nike.

  10. O que a gente lê e ouve que está sendo costurado é que a Olk já sairia no final do ano e a Adidas já estamparia a marca no ano que vem…e que “RACHARÍAMOS” uma multa (a ser negociada com a Olk) junto com a Adidas.

    Sem ver contrato nenhum, isso já não faz sentido algum.

    a proposta da Adidas era para fornecimento após o término de contrato da Olk, certo??

    Porque então antecipar isso e pagar multa?? A Olk seria a maior perdedora se fechássemos com a Adidas e mantivéssemos ela. As vendas despencariam de forma drástica. A compra de camisas piratas da marca Adidas seriam maior que as da Olk.
    Seria só negociar essa recisão e tocar o barco.

    Certeza absoluta de ser um ato desesperado em fim de mandato para encher o bolso gente por aí e ainda por cima sobrar um qq de adiantamento para fechar as contas no final do ano.

  11. Sobre outro assunto gostaria de aproveitar minha breve passagem pelo blog pra opinar sobre a escalação do Flamengo contra o Santos.

    Foi o mesmo comentário longo que fiz lá no Buteco…

    Vamos lá:

    Santos
    http://esportes.terra.com.br/santos/noticias/0,,OI6145858-EI19380,00-Para+voltar+a+vencer+Santos+conta+com+retornos+de+Neymar+e+Arouca.html

    Rafael; Bruno Peres, Bruno Rodrigo, Durval e Léo; Adriano, Arouca, Felipe Anderson; Pato Rodriguez (Victor Andrade), Neymar e André

    Flamengo
    http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2012/09/dorival-gritos-para-orientar-time-e-paredao-de-41-minutos-de-conversa.html

    Felipe, Léo Moura, Welinton, Frauches e Ramon; Muralha, Luiz Antonio, Ibson e Mattheus; Adryan e Vagner Love.

    Então:

    Contra LM, Ué, Frauches e Ramon bastam esses Felipe Anderson, Pato Rodriguez, Neymar e André.

    A defesa e as laterais deles são os pontos fracos.

    O goleirinho é bom e os volantes Adriano e Arouca são ótimos.

    Não há como ganhar o meio de campo jogando com Muralha, LA, Ibson e Matheus. Não há possibilidade, repito, será ridículo. LA, Ibson, LM e Ramon não marcam, Muralha não é um destruidor. E ainda teremos o maluco do Ué (que continua subindo de produção mas não é confiável). O Frauches acabou de descer de para-quedas, será constrangedor vê-lo tomando dribles de perebas como André e Pato Rodriguez.

    E graças a Deus não haverá Ganso em campo. Já bastou o Forlán do Inter.

    Esse time só arranca pontos se jogar com 3 zagueiros e 3 volantes.

    Felipe
    Zagueiro Zagueiro Zagueiro
    LA Amaral Muralha
    Ibson BOtti
    Adryan e LOve

  12. Boa tarde. Acho que uma análise como essa não basta apenas comparar Adidas x OLK, faz-se necessário o conhecimento das condições contratuais e se o momento é o mais adequado, haverá indexador de reajuste (inflação)? Será necessário pagar a multa a OLK? A partir de quando o contrato entrará em vigência? Qual o valor da Comissão e para quem ela será paga? Tem que ser votado agora o contrato?

    Sobre a Adidas, argumentos Pró:
    – Empresa sólida;
    – Distribuição mundial;
    – Qualidade superior do produto;
    Contra:
    – Distribuição regional limitada;
    – Flamengo será mais um.

    Sobre a OLK, argumentos Pró:
    – Excelente parceira;
    – Ótima distribuição local;
    – Flamengo é o carro chefe da marca.
    Contra:
    – A Vulcabras (dona da marca OLK) está numa situação financeira ruim, as ações cairam 77% no último ano, os resultados vem piorando;
    – Baixa qualidade dos produtos.

    Similaridades:
    – Nível de preço do produto é o mesmo.