Todo resto é utopia

“Contra os ataques é possível nos defendermos. Contra o elogio não se pode fazer nada.” Inicio esta minha prosa de hoje com uma citação de Freud, que cabe perfeitamente ao nosso Flamengo. Bastou um mísero lampejo de melhora do time que pronto, achamos que tudo estava mudado, e que brigaríamos pelo hepta. Não se pode elogiar. Os últimos dois jogos estão aí para isso, estampando as deficiências e a inoperância de um elenco que, mesmo com os ajustes do Dorival, ainda precisa aprender a ser grande diante dos minúsculos.

Pra quê vou contar como foi o jogo, se vocês o viram, não é mesmo? Entretanto, vale citar apenas que foram dois Flamengos desgraçadamente irritantes, um totalmente abobalhado no primeiro tempo, outro atabalhoado no segundo. Se jogarmos assim diante de uma equipe melhor e organizada, é fiasco na certa. E tem mais, é preciso ensinar, tanto aos medalhões como para a garotada, que quem corre é a bola. O individualismo está prevalecendo e parece que o “toca e sai no vazio” virou atributo apenas de equipe montada no PES ou no FIFA Soccer.

Resumindo: mais pontos desperdiçados contra uma equipe medíocre. E, na boa, se empata com o Sport, timeco de segunda, vai querer ganhar de quem? Claro que não é para se fazer uma tempestade em copo d’água, pedir a cabeça do Dorival ou xingar a mãe do guarda. Mas também não dá para viver no país das maravilhas de Alice. Sério, de quem é a culpa? Entopem o elenco com peças questionáveis, com figurinhas repetidas, e querem que haja milagre? Estão aí vários atacantes “queridos”, mas cadê um meia de criação pra guarnecer esta cambada? Ah, mas o Imperador voltou e a torcida acalmou os ânimos, renovou a esperança de que agora vai…

Esperança. É só isso que temos mesmo. Porque, me desculpem, este ano o Flamengo só briga para se manter na primeira divisão e precisa usar este turno final do Brasileiro para preparar (enxugar, renovar e planejar) este elenco para 2013. Todo resto é utopia. Ou milagre.

Bruno Cazonatti
@cazonatti